A importância de valorizar a diversidade está se tornando cada vez mais fundamental para lidar com os desafios sociais que enfrentamos atualmente. A variedade de experiências, pontos de vista e culturas pode ser uma grande aliada na solução de problemas complexos e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
No entanto, percebo que para muitas pessoas, esse assunto é visto como uma moda passageira, cheia de obstáculos, especialmente quando falamos sobre o mundo corporativo.
Um dos principais entraves para a valorização da diversidade nas empresas é a falta de uma dedicação efetiva para promover a inclusão. Muitas organizações adotam políticas superficiais de diversidade apenas para atender a um padrão social ou responder a pressões externas.
Contudo, a valorização genuína da diversidade requer um compromisso real e constante, que vá além do discurso vazio. É necessário criar uma cultura inclusiva, onde todas as vozes sejam ouvidas, e as oportunidades sejam igualmente acessíveis a todas as pessoas.
Já ouvi várias vezes profissionais contratados para apoiar as empresas em suas iniciativas de valorização da diversidade, relatarem desafios significativos em seu trabalho como: resistência interna, falta de comprometimento da alta liderança e a falta de recursos.
O investimento efetivo em diversidade demanda adotar um olhar interseccional entre raça, classe, gênero e outras dimensões da identidade. Isso porque as pessoas enfrentam desafios diferentes com base em suas múltiplas identidades. Um olhar interseccional permite compreender como as desigualdades se entrelaçam e como é possível construir ações inclusivas que abordem as necessidades específicas de diferentes grupos.
Uma mulher negra enfrenta desafios distintos de uma mulher branca no ambiente de trabalho, e é essencial que as políticas e práticas de valorização da diversidade considerem essas diferenças

Nesta último mês, comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho. Uma data de grande significado e importância na luta por igualdade de gênero e valorização das mulheres negras.
Um dia de comemoração, mas também de grande reflexão sobre a realidade enfrentada nós, principalmente para aquelas que são retintas. Alguns dados que refletem essa realidade são:
- Diferença salarial: de acordo com o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2021 do Fórum Econômico Mundial, mulheres negras recebem, em média, 42,7% menos do que homens brancos em funções equivalentes. Em comparação com mulheres brancas, a diferença salarial é de 29,3%.
- Acesso à educação: segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, a taxa de analfabetismo entre mulheres negras era de 8,2%, enquanto entre mulheres brancas era de 5,2%. Além disso, mulheres negras têm menos oportunidades de acesso ao ensino superior em comparação com homens brancos e mulheres brancas.
- Violência de gênero e raça: o Atlas da Violência 2021, realizado pelo IPEA em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou que a taxa de homicídios de mulheres negras aumentou em 12,4% entre 2008 e 2018, enquanto a taxa de homicídios de mulheres brancas diminuiu em 11,7% no mesmo período.
- Participação política e representatividade: de acordo com dados do IBGE de 2020, apenas 0,9% das mulheres negras ocupavam cargos de gerência e direção no país. Além disso, a presença de mulheres negras no Congresso Nacional é ainda mais baixa do que a representação de mulheres brancas.
Valorizar a diversidade não é fácil, mas é muito importante para resolver problemas sociais.
A valorização da diversidade é um caminho desafiador, mas necessário para a resolução de problemas sociais.
Para que as empresas realmente promovam a inclusão, é preciso um compromisso efetivo e contínuo com a diversidade, indo além de ações superficiais. E um olhar interseccional é fundamental para garantir que as políticas e práticas sejam inclusivas e abordem as necessidades específicas de diferentes grupos.
Além disso, é essencial adotar políticas públicas e ações afirmativas que promovam a igualdade de oportunidades e combatam o racismo estrutural e a discriminação de gênero.
Investimento efetivo em diversidade, o empoderamento feminino e a promoção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária são caminhos fundamentais para superar essa desigualdade sistêmica e construir um futuro mais justo e acolhedor para todas nós, independentemente de sua raça ou origem.